É comum nos consultórios médicos e frequentemente motivo de visitas ao pronto-socorro: infecções recorrentes durante a primeira infância preocupam muitos pais. 

A narrativa comum dos responsáveis descreve uma criança que nunca esteve doente e, de repente, aos 6 ou 9 meses, começa a adoecer frequentemente. Um dia é diarreia, no outro é um resfriado; uma sequência interminável de enfermidades. 

Diante dessa situação, é importante salientar que uma criança com menos de 2 anos normalmente enfrenta cerca de 10 a 12 infecções por ano. Se estiver em situação de risco, como frequentar creche ou ter irmãos mais velhos, esse número pode ultrapassar 12 infecções por ano, resultando em quase metade do mês doente. 

Essa frequência se deve à imaturidade do sistema imunológico infantil, combinada com a alta exposição a novos vírus e bactérias, desencadeando infecções recorrentes que podem persistir até os 3 ou 4 anos. 

É importante ressaltar que em 90% dos casos, essas infecções são virais, não necessitando de antibióticos. Portanto, se o médico rotineiramente diagnosticar seu filho com uma virose, é sinal de um bom profissional. 

Dada a importância do tema, a Sociedade Brasileira de Pediatria publicou os 10 sinais de alerta para imunodeficiência: 

  • Duas ou mais pneumonias no último ano. 
  • Quatro ou mais novas otites no último ano. 
  • Estomatites recorrentes ou monilíase por mais de dois meses. 
  • Abscessos recorrentes ou ectima. 
  • Um episódio de infecção sistêmica grave (meningite, osteoartrite, septicemia). 
  • Infecções intestinais recorrentes/diarreia crônica/giardíase. 
  • Asma grave, doença do colágeno ou doença autoimune. 
  • Reação adversa à BCG e/ou infecção por micobactéria. 
  • Fenótipo clínico sugerindo síndrome associada à imunodeficiência. 
  • História familiar de imunodeficiência. 

Se seu filho apresentar qualquer um desses sinais, é necessária uma avaliação adicional pelo pediatra. 

Mas como podemos melhorar a imunidade do meu filho? Existe algum remédio milagroso? 

É exatamente essa a questão explorada pela indústria farmacêutica. Existem inúmeros remédios milagrosos nas prateleiras das farmácias, muitos sem comprovação científica e, infelizmente, prescritos por médicos. 

Atualmente, as evidências indicam que níveis adequados de vitamina D, ferro e zinco no organismo auxiliam na resposta contra infecções, embora não as impeçam completamente. Medidas comportamentais talvez sejam as mais eficazes para proteger contra infecções: horários de sono adequados, alimentação balanceada que promova uma flora intestinal saudável e forneça micronutrientes, além de hidratação adequada.