As doenças crônicas não transmissíveis, que contemplam colesterol aumentado, pressão alta, diabetes tipo 2, antigamente eram exclusividade de adultos e idosos, mas com o processo de industrialização vem atingindo nossas crianças cada vez mais.

O aumento da oferta de alimentos industrializados, ultraprocessados, somados a propaganda excessiva com associação a personagens infantis, blogueiros de internet e o baixo custo favorecem um ambiente obesogênico.

Sabe-se que o deposito de placas de gordura nos vasos sanguíneos inicia-se logo na infância, e é essa a preocupação que levou a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia a criarem uma diretriz para controle e monitoramento do colesterol em crianças.

Quando devo realizar o primeiro exame de colesterol do meu filho?

A resposta é depende, conforme as novas diretrizes crianças que não tenham fatores de risco como obesidade, diabetes, doenças renais, cardíaca, uso de medicamentos, história de doença coronariana ou aumento de colesterol na família devem realizar a primeira coleta entre 9 e 11 anos.

Para as crianças com fatores de risco a primeira coleta deve ser feita a partir dos 2 anos.

É necessário fazer jejum para coleta do exame?

Não, atualmente não se preconiza mais o jejum de 8 a 12 horas para coleta de colesterol e frações.

Meu filho tem colesterol aumentado, como posso tratar?

O tratamento básico é iniciado com reeducação alimentar com uma dieta rica em fibras, óleos vegetais, redução de comidas industrializadas e atividade física diária. Preconiza-se reduzir tempo de tela ou atividades sedentárias para menos de 2 horas por dia e a prática de atividade física diária.

E o uso de medicação?

Os medicamentos são aprovados para crianças maiores de 10 anos ou aqueles considerados grupo de risco.

Meu filho é muito magro, mas sempre tem o colesterol muito aumentado.

O fato de a criança ser magra não o isenta do risco de ter aumento do colesterol, caso ele tenha uma dieta rica em alimentos industrializados ele pode sofrer de fome oculta, que é o resultado de uma dieta hipercalórica, porém com baixo nível de nutrientes.

Meu filho se alimenta muito bem, mas o colesterol dele está sempre muito alto, o que pode ser?

Esses casos são menos comuns, mas podem ser resultado de alterações genéticas que interfiram no metabolismo do colesterol, esses pacientes podem apresentar níveis altíssimos de colesterol e LDL, os quais não melhoram com dieta. Geralmente tem algum familiar com colesterol também aumentado, sendo necessário investigar os parentes também.

O recado que deixo as famílias é que protejam seus filhos do mundo industrializado, ensinando a alimentação saudável e as maneiras persuasivas com que as indústrias tentam atraí-las para que consumam cada vez mais seus produtos. Lembrando que nós pais somos sempre o exemplo, portanto a mudança dos nossos filhos inicia-se primeiro com a nossa mudança de hábitos e estilo de vida.

Fontes:

https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22336c-GPA_-_Dislipidemia_Crianca_e_Adoles.pdf

https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/19890d-MO-Promo_AtivFisica_na_Inf_e_Adoles.pdf

https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/colesterol-aumentado-em-criancas