Dor na Amamentação: Principais Causas e Como Lidar
A amamentação é um momento mágico e desejado por muitas mães. Desde a gravidez, muitas mulheres já começam a pensar em como será esse ato tão especial.
Apesar de ser um processo natural, a amamentação não é tão simples quanto muitas pessoas imaginam. As dificuldades iniciais, especialmente para as mães de primeira viagem, podem ser muitas: ansiedade, dificuldade de pega, sensação de leite fraco e, claro, dor na amamentação.
Na primeira semana após o parto, as mamas ainda são muito sensíveis. A dor leve ou desconforto no início da mamada pode ser considerada normal. No entanto, se a dor for de intensidade moderada a forte, é importante investigar possíveis causas, como:
A pega errada é, sem dúvida, a causa mais comum de dor na amamentação nas primeiras semanas. Quando a posição do bebê para mamar não é adequada, ele pode pegar apenas o bico do seio, sem fazer a vedação correta, o que causa dor.
A anquiloglossia, ou língua presa, ocorre quando o bebê tem dificuldades para realizar o movimento de ordenha com a língua, o que pode resultar em mordidas durante a mamada e na incapacidade de esvaziar completamente as mamas. Isso pode levar a dor e desconforto nas mães.
A candidíase pode surgir em qualquer fase da amamentação, e nem sempre apresenta a lesão branca clássica. Alguns sintomas sugestivos incluem: vermelhidão nas mamas, aumento da sensibilidade, fisgadas e sensação de “choques” durante a mamada. O bebê pode também desenvolver lesões esbranquiçadas na cavidade oral, que, associadas aos sintomas mamários, indicam candidíase.
A obstrução de ducto mamário é caracterizada por dor localizada, com tumefação e vermelhidão na área afetada. Pode aparecer uma lesão esbranquiçada ou escurecida no ducto obstruído, na aréola. A dor tende a ser pulsátil e localizada.
O ingurgitamento mamário é comum nas primeiras semanas após o nascimento e ocorre devido ao acúmulo de leite ou uma pega ineficaz do bebê. Em alguns casos, mesmo com uma pega correta, o ingurgitamento pode ocorrer devido à hiperlactação. Os sintomas mais comuns incluem sensação de seios cheios, mamas inchadas e avermelhadas, além de dor generalizada nas mamas. Em alguns casos, pode haver febre e sintomas de dor no corpo, o que exige a exclusão de mastite infecciosa.
A mastite é uma inflamação grave das mamas, geralmente acompanhada de febre alta, dor corporal e secreção purulenta pela aréola. O inchaço localizado nas mamas pode indicar a formação de um abscesso. A mastite é considerada uma urgência médica e requer tratamento com antibióticos.
O fenômeno de Raynaud mamário é uma condição pouco conhecida e ocorre devido a alterações hormonais durante o puerpério. Pode persistir por até três meses e é caracterizado por um fechamento temporário das veias e artérias das mamas no início da mamada. Isso causa uma alteração na coloração das mamas, que fica pálida e depois avermelhada, associada à dor.
Após descrever as principais causas de dor na amamentação, é fundamental reforçar uma mensagem importante para todas as mães: dor não é normal! Se você sentir dor durante a amamentação, procure orientação de um profissional qualificado. Muitas vezes, a dor é um sinal de que algo não está correto, como uma pega inadequada ou uma condição médica que precisa de tratamento.
Vale lembrar que uma das principais causas de desmame precoce ocorre nas primeiras semanas após o nascimento, justamente devido às dificuldades iniciais que muitas mães enfrentam. O apoio de um profissional especializado pode ajudar a corrigir erros cometidos durante a amamentação e evitar o uso errôneo de fórmula infantil, prevenindo o desmame precoce.
Dr. Túlio Alonso João – Pediatra, Especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria – RQE: 85275.
Atendimentos em Botafogo e Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
Fontes:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/24585d-GPRATICO-GuiaPratico_de_AM-Atualizacao.pdf