O retardo constitucional de crescimento e puberdade (ou simplesmente ACCP) é quando uma criança tem puberdade tardia, ou seja, seu crescimento e desenvolvimento puberal é um pouco mais lento do que a média, mas sem nenhum problema de saúde grave. Isso significa que a criança vai crescer e passar pela puberdade, só que um pouco mais tarde do que os amigos. Geralmente, é uma variação normal e não há motivo para preocupação.
Esse tipo de atraso é bem comum, especialmente entre meninos, que são mais afetados que as meninas. Cerca de 2 a 3% das crianças têm esse atraso, mas o bom é que, com o tempo, elas atingem o desenvolvimento esperado. Se a puberdade foi tardia nos pais, é bem provável que isso também aconteça com os filhos.
Geralmente, o ACCP não é causado por nenhum problema de saúde. Algumas crianças simplesmente desenvolvem-se de maneira mais lenta, mas não tem nada de errado com elas. Se você tem familiares que também passaram por isso, a chance de o seu filho ter é maior. Além disso, alguns casos podem ter fatores genéticos, mas é importante lembrar que existem outras condições, como doenças da tireoide ou deficiências hormonais, que podem atrasar o crescimento. O pediatra fará os exames necessários para ter certeza de que tudo está bem.
Você pode perceber que seu filho está crescendo mais devagar ou não está apresentando sinais de puberdade quando comparado aos amigos. Aqui estão alguns sinais para ficar de olho:
Crescimento lento: a criança continua crescendo, mas de forma mais lenta do que a média.
Puberdade tardia: meninas com mais de 13 anos que ainda não desenvolveram os seios (telarca) ou meninos com mais de 14 anos que não apresentaram aumento nos testículos.
Idade óssea mais baixa: ou seja, os ossos estão se desenvolvendo conforme a idade física da criança e não com a idade cronológica.
Como é feito o diagnóstico?
Entrevista com os pais: perguntar sobre o histórico de crescimento da criança e se há casos de puberdade tardia na família.
Avaliação de crescimento: o pediatra vai medir a altura, o peso e o crescimento da criança ao longo do tempo.
Exame físico: para verificar o estágio de puberdade da criança.
Radiografia da mão e punho: ajuda a ver a idade óssea da criança e se está de acordo com seu crescimento.
Exames: para verificar os hormônios e descartar outras possíveis causas, como problemas de tireoide ou deficiências hormonais.
Na maioria das vezes, o tratamento não é necessário, porque o ACCP é uma variação natural do crescimento. A principal abordagem é acompanhar o desenvolvimento da criança e garantir que ela se sinta bem emocionalmente. Isso pode envolver:
Acompanhamento regular: o pediatra vai acompanhar o crescimento e a maturação da criança para garantir que tudo esteja indo bem.
Tratamento com hormônios: em alguns casos, quando o atraso é muito grande ou a criança está sofrendo emocionalmente com sua imagem mais infantilizada que seus pares, pode-se utilizar hormônios para ajudar no início da puberdade.
É sempre importante lembrar que, geralmente, não há necessidade de pânico. Com o tempo, a criança vai crescer e passar pela puberdade, só que um pouco mais tarde do que o esperado.
O impacto emocional do atraso na puberdade pode ser grande, especialmente em um momento em que as crianças começam a se comparar com os outros. Alguns podem se sentir isolados ou tristes por não se encaixarem no “padrão” dos amigos. Por isso, oferecer apoio emocional é fundamental. Converse com seu filho, mostre que ele é único e tudo vai se ajustar no tempo certo. Se necessário, buscar o apoio de um psicólogo pode ser útil para lidar com sentimentos de insegurança e autoestima.
Em alguns casos, o atraso puberal pode ser causado por problemas de saúde. Por isso, caso seu filho apresente alguma alteração sugestiva de outra patologia, é recomendado mais exames para investigar outras condições. A boa notícia é que, com o diagnóstico correto, o tratamento pode ser eficaz e a criança vai se desenvolver bem.
O retardo constitucional de crescimento e puberdade é algo comum e natural em muitas crianças, especialmente se há histórico familiar. O mais importante é que, com o tempo, a criança vai se desenvolver normalmente, e o apoio dos pais é essencial durante esse processo. Sempre que tiver dúvidas ou preocupações, converse com o pediatra. Ele pode oferecer o melhor acompanhamento para o seu filho!
Fontes:
https://www.sbp.com.br/pediatria-para-familias/doencas/puberdade-atrasada/
https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/como-avaliar-e-tratar-adolescentes-com-puberdade-atrasada/
https://www.spsp.org.br/site/asp/recomendacoes/Rec88_Endocrino.pdf
Dr. Túlio Alonso João – Pediatra, Especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria – RQE: 85275.
Atendimentos – Rua Visconde Ouro Preto, n°5 – 5 Andar, Botafogo, Rio de Janeiro.