A birra é resultado de uma resposta emocional intensa desencadeada por frustração, cansaço, fome, excesso de estímulos ou necessidade não atendida.
Do ponto de vista fisiológico, a criança apresenta ativação do sistema límbico, região responsável pelas emoções, com descarga de hormônios do estresse como cortisol e adrenalina.
Nessa fase, há imaturidade no controle inibitório — a criança sente, mas ainda não consegue regular a emoção de forma racional.
Córtex pré-frontal (responsável pelo autocontrole e tomada de decisão): ainda em desenvolvimento até a vida adulta, com imaturidade acentuada nos primeiros anos.
Amígdala cerebral (núcleo do sistema límbico): hiper-reativa, amplificando reações de medo, raiva ou frustração.
Conexões pré-frontais-límbicas: incompletas, dificultando a comunicação entre “razão” e “emoção”.
Baixa mielinização das vias nervosas de autorregulação emocional nessa faixa etária.
Início: geralmente entre 12 e 18 meses, quando a criança começa a ganhar autonomia (andar, falar) mas ainda não consegue expressar plenamente suas necessidades.
Pico: entre 2 e 3 anos, fase conhecida como “terrible twos”.
Fim: tende a reduzir significativamente até os 4 a 5 anos, quando há maior maturidade linguística e cerebral, embora possa persistir em crianças com dificuldades emocionais ou transtornos do desenvolvimento.
Choro intenso e gritos
Queda no chão ou movimentos bruscos
Recusar contato ou ajuda
Arremessar objetos
Chutar, bater ou morder
Expressões faciais de raiva ou frustração
Em casos mais intensos, prender a respiração por alguns segundos
Manter a calma – a reação do adulto influencia diretamente a intensidade e a duração da crise.
Segurança em primeiro lugar – retirar objetos perigosos e proteger a criança de se machucar.
Evitar reforço negativo – não ceder imediatamente para parar o choro, pois isso ensina que a birra é eficaz para conseguir algo.
Oferecer alternativas – dar opções simples (“Você quer o copo azul ou o verde?”) ajuda a reduzir a frustração.
Validar o sentimento – reconhecer a emoção (“Eu sei que você está bravo porque queria brincar mais”) ajuda a criança a se sentir compreendida.
Ensinar autorregulação – fora do momento da birra, mostrar técnicas como respiração profunda ou contagem.
Rotina previsível – sono, alimentação e momentos de descanso regulares reduzem as chances de crises.
Antecipar necessidades – garantir que a criança esteja alimentada, descansada e em ambiente seguro antes de atividades desafiadoras.
Avisar sobre transições – avisar alguns minutos antes de mudar de atividade (“Em cinco minutos vamos guardar os brinquedos”).
Oferecer pequenas escolhas – dar opções simples para promover senso de controle.
Estabelecer rotinas claras – previsibilidade dá segurança e reduz frustração.
Estimular a comunicação – incentivar que a criança use palavras ou gestos para expressar necessidades.
Modelar o comportamento – mostrar como lidar com frustrações de forma calma e respeitosa.
Reduzir excesso de estímulos – evitar ambientes muito barulhentos ou cheios quando a criança está cansada.
Reforçar comportamentos positivos – elogiar e valorizar atitudes calmas e colaborativas.
Se as birras forem muito frequentes, persistirem após os 5 anos, estiverem associadas a autoagressão, agressão grave a outros ou impactarem fortemente a vida familiar e escolar, é recomendada avaliação com pediatra ou especialista em comportamento infantil.
Fontes:
https://publications.aap.org/aapbooks/book/672/chapter-abstract/8113239/Temper-Tantrums?redirectedFrom=fulltext
https://publications.aap.org/pediatriccare/article-abstract/doi/10.1542/aap.ppcqr.396460/173/Temper-Tantrums-and-Breath-Holding-Spells?redirectedFrom=fulltext
https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/aprenda-a-lidar-com-crises-e-birras-dos-filhos-nos-terrible-twos/
Dr. Túlio Alonso João – Pediatra, Especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria – RQE: 85275.
Atendimentos – Rua Visconde Ouro Preto, n°5 – 5 Andar, Botafogo, Rio de Janeiro.