O micropênis ou pênis pequeno é uma condição clínica rara caracterizada por um comprimento peniano significativamente menor do que o esperado para a idade e estágio de desenvolvimento da criança, mesmo quando não há outras anormalidades anatômicas ou funcionais dos órgãos genitais. O diagnóstico de micropênis é considerado quando o comprimento do pênis esticado está mais de 2,5 desvios-padrão abaixo da média para a faixa etária. 
Vale ressaltar que o micropênis não é apenas uma variação anatômica: trata-se de um sinal clínico que pode indicar alterações hormonais, genéticas ou endócrinas, sendo fundamental uma avaliação cuidadosa para identificar possíveis causas e direcionar o tratamento adequado. 

Causas 

O desenvolvimento peniano é influenciado por fatores genéticos, hormonais e ambientais. As principais causas de micropênis na infância podem ser divididas em três grandes grupos: 

  • Distúrbios endócrinos: A deficiência ou resistência aos hormônios sexuais, especialmente ao testosterona, é a causa mais comum.  
  • Alterações genéticas: Síndromes genéticas como a síndrome de Klinefelter, síndrome de Prader-Willi, síndrome de Noonan, entre outras, podem afetar o desenvolvimento genital e resultar em micropênis. 
  • Fatores intrauterinos: Exposição a agentes tóxicos, distúrbios placentários, infecções ou problemas maternos durante a gestação podem afetar a exposição adequada aos hormônios sexuais, impactando o desenvolvimento peniano. 

Avaliação clínica do comprimento peniano 

A mensuração correta do pênis é fundamental para diagnóstico e acompanhamento. O procedimento recomendado consiste em medir o comprimento peniano esticado, desde a sínfise púbica (após compressão do tecido gorduroso suprapúbico) até a ponta do glande, excluindo o prepúcio. O pênis deve ser esticado suavemente, sem causar dor ou desconforto à criança. 

Os valores de referência variam conforme a idade. No recém-nascido o comprimento médio do pênis esticado é de aproximadamente 3,5 cm. Considera-se micropênis quando este comprimento é menor que 2 cm. Em faixas etárias posteriores, os valores de corte ajustam-se conforme tabelas padronizadas baseadas em estudos multicêntricos nacionais e internacionais. 

É fundamental que o exame seja realizado por profissionais capacitados, preferencialmente pediatras ou urologistas pediátricos, para garantir precisão e evitar traumas emocionais ou físicos. Além da medição, deve-se avaliar o desenvolvimento dos testículos, bolsa escrotal, presença de outras malformações genitais e características secundárias. 

Tem tratamento? 

O tratamento do micropênis na infância é determinado pela causa subjacente e pela idade da criança. O objetivo central é promover o desenvolvimento anatômico e funcional adequado do pênis, minimizando impactos psicológicos e sociais. 

  • Terapia hormonal: quando a origem é hormonal, a administração de testosterona por via intramuscular ou tópica pode ser indicada, geralmente em ciclos curtos e sob rigoroso acompanhamento médico.  
  • Tratamento das causas associadas: caso o micropênis esteja relacionado a síndromes genéticas ou outras condições sistêmicas, a abordagem deve ser multidisciplinar, envolvendo endocrinologistas, geneticistas, psicólogos, além do urologista pediátrico. 

Acompanhamento 

O acompanhamento do micropênis exige uma abordagem integrada, centrada no bem-estar físico, emocional e psicossocial da criança.  
Reavaliações periódicas do comprimento peniano, do desenvolvimento genital e dos caracteres sexuais secundários; 

  • Monitoramento laboratorial dos níveis hormonais, especialmente durante e após o tratamento; 
  • Atenção à saúde mental, com suporte psicológico para a criança e familiares, especialmente em situações de estresse ou impacto psicossocial causado pela condição; 
  • Acompanhamento multidisciplinar, envolvendo pediatria, urologia, endocrinologia e psicologia, conforme a necessidade; 

A abordagem humanizada e individualizada é fundamental para garantir o desenvolvimento pleno da criança, respeitando sua identidade, autoestima e direitos. A participação ativa dos responsáveis e o acesso à informação de qualidade proporcionam melhores resultados e reduzem riscos de estigmatização ou tratamento inadequado. 

Fontes:
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/sbp/2024/setembro/16/24494c-DocCient_-_Micropenis-_o_que_o_pediatra_precisa_saber.pdf
https://sbu-sp.org.br/medicos/wp-content/uploads/2019/04/Revista_BIU_Ed18.pdf
 

 

Dr. Túlio Alonso João – Pediatra, Especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria – RQE: 85275.   Consultas – Praia do Flamengo, 66, Sala 808, Bloco B, Flamengo, Rio de Janeiro.