A seletividade alimentar transitória é um fenômeno comum durante a infância, especialmente entre crianças em idade pré-escolar. Trata-se de um período em que a criança demonstra resistência em experimentar novos alimentos ou rejeita alimentos que antes aceitava sem dificuldades. Esse comportamento, apesar de preocupante para muitos pais e cuidadores, geralmente faz parte do desenvolvimento infantil e tende a desaparecer com o tempo. 

O que é seletividade alimentar transitória? 

A seletividade alimentar transitória caracteriza-se pela rejeição temporária de alimentos, tanto novos quanto já conhecidos, levando a uma dieta restrita por determinado período. Geralmente, ocorre entre 2 e 6 anos, fase marcada por intensas descobertas e mudanças nos hábitos alimentares. Esse comportamento pode envolver a recusa de grupos alimentares inteiros, texturas, cores ou sabores específicos. 

Causas e fatores envolvidos 

Vários fatores podem contribuir para a seletividade alimentar transitória. Entre eles, destacam-se: 

  • Desenvolvimento da autonomia: A criança começa a afirmar suas preferências e independência, incluindo escolhas alimentares. 
  • Questões sensoriais: mudanças na textura, cheiro, cor ou apresentação dos alimentos podem impactar a aceitação. 
  • Imitação de comportamentos: A observação dos hábitos alimentares dos adultos e de outras crianças pode influenciar as escolhas. 
  • Experiências negativas anteriores: episódios de vômito, engasgo ou dor associada a algum alimento podem gerar aversão temporária. 

 

Geralmente, a seletividade alimentar transitória não traz consequências graves à saúde da criança, desde que haja acompanhamento do crescimento e desenvolvimento adequados. Importante ressaltar que forçar a ingestão pode piorar o quadro, causando traumas alimentares. 

Algumas orientações para lidar com essa fase incluem: 

  • Oferecer os alimentos recusados em diferentes preparações e apresentações, sem pressão. 
  • Envolver a criança no preparo das refeições, tornando o momento mais lúdico e participativo. 
  • Manter a rotina alimentar, com horários regulares para as refeições. 
  • Dar o exemplo, consumindo uma alimentação variada em família.

     

Quando buscar ajuda profissional? 

Se a seletividade alimentar persistir por muitos meses, estiver associada à perda de peso, atraso no crescimento ou outros sintomas como recusa a diferentes grupos alimentares, é importante buscar orientação de um pediatra ou nutricionista infantil. Esses profissionais podem avaliar a situação e propor estratégias personalizadas. 

A seletividade alimentar transitória é parte do desenvolvimento natural da criança, sendo importante não tratar o comportamento com excesso de preocupação ou punições. Com paciência, criatividade e ambiente acolhedor, a criança tende a superar essa fase, desenvolvendo uma relação mais saudável com os alimentos.

 

Dr. Túlio Alonso João – Pediatra, Especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria – RQE: 85275.   Atendimentos – Praia do Flamengo, 66, Sala 808, Bloco B, Flamengo, Rio de Janeiro.