Não é sujeira, é proteção!

O vérnix caseoso é, de fato, uma substância muito importante e protetora para o recém-nascido. Ele é uma camada branca e espessa que cobre a pele do bebê no momento do parto, e é formado no terceiro trimestre gestacional. Essa substância possui diversas propriedades benéficas para o bebê, tanto durante a vida intrauterina quanto após o nascimento.

Os benefícios do vérnix caseoso incluem:

  1. Auxiliar no amadurecimento da pele: O vérnix protege a pele do bebê em desenvolvimento no útero, auxiliando na formação e no amadurecimento da epiderme.
  2. Proteção contra infecções: Sua composição rica em colesterol e ceramidas possui propriedades antimicrobianas, ajudando a proteger a pele do bebê contra infecções.
  3. Facilitar a passagem pelo canal de parto: O vérnix lubrifica a pele do bebê, facilitando sua passagem pelo canal de parto durante o nascimento.
  4. Estabilização da temperatura corporal: A presença do vérnix ajuda a manter a temperatura corporal do recém-nascido estável, evitando a hipotermia.
  5. Propriedades anti-infecciosas: Assim como o leite materno, o vérnix possui propriedades anti-infecciosas, o que é especialmente útil para proteger o bebê contra infecções hospitalares oportunistas.

É importante que o primeiro banho do bebê na maternidade seja realizado por imersão e seja postergado por pelo menos 6 horas após o nascimento, para permitir que o vérnix cumpra suas funções protetoras. No entanto, em alguns casos, como partos prematuros ou nascimentos tardios, o bebê pode não ter uma quantidade significativa de vérnix. Nesses casos, os profissionais de saúde podem avaliar individualmente a melhor conduta a ser tomada.

A discussão entre a mãe e a equipe da maternidade sobre a importância do vérnix e a decisão de adiar o primeiro banho são muito válidas. Essa medida pode proporcionar mais benefícios ao bebê em seus primeiros momentos de vida e contribuir para sua saúde e bem-estar.

Vacinas na maternidade.

As vacinas realizadas nas primeiras horas de vida em ambiente hospitalar são:

  1. BCG (Bacillus Calmette-Guérin): A BCG é administrada no braço direito do recém-nascido antes da alta hospitalar. Essa vacina previne a tuberculose e é contraindicada em bebês que pesem menos de 2 kg. Seu objetivo é criar uma resposta imunológica local e não é necessário revacinar caso não haja formação de cicatriz.
  2. Hepatite B: A vacina contra hepatite B é preferencialmente administrada nas primeiras 12 horas de vida. Ela protege contra o vírus da hepatite B, que pode ser transmitido da mãe para o bebê durante o parto ou por meio de contato com fluidos corporais infectados.

Além dessas vacinas, é comum que na maternidade seja aplicada uma outra injeção, que muitas vezes gera dúvidas nas mães se foi uma terceira vacina. Essa injeção é a Vitamina K. A Vitamina K não tem como objetivo gerar anticorpos na criança, mas sim prevenir a doença hemorrágica do recém-nascido, que é uma condição rara em que os recém-nascidos podem apresentar sangramentos anormais devido à deficiência de vitamina K. A administração da vitamina K é uma prática padrão em muitos países e ajuda a prevenir essas hemorragias nos primeiros dias de vida do bebê.

É importante que os pais sempre se informem sobre as vacinas que o bebê recebeu e sigam o calendário de vacinação recomendado pelas autoridades de saúde. As vacinas são essenciais para proteger a saúde das crianças e prevenir doenças infecciosas.

Colostro, o ouro líquido.

O colostro, também conhecido como “ouro líquido”, é realmente uma substância muito especial e valiosa para o recém-nascido. Além de conter uma concentração rica de anticorpos do tipo IgA, que oferecem proteção no trato intestinal e respiratório, o colostro também é rico em outras substâncias benéficas para o bebê, como proteínas, vitaminas e minerais essenciais para o seu desenvolvimento.

Seu aspecto amarelado é devido à presença de carotenoides, como o betacaroteno, que é um antioxidante importante para o sistema imunológico do bebê. Essa composição especial torna o colostro uma proteção vital contra infecções oportunistas nos primeiros dias de vida do bebê, quando seu sistema imunológico ainda está em desenvolvimento e vulnerável.

É natural que o volume de colostro produzido nos primeiros dias seja relativamente pequeno, como você mencionou, variando de 3 a 20 ml. No entanto, essa quantidade é mais do que suficiente para suprir as necessidades do recém-nascido, que tem um estômago muito pequeno no início.

Em relação a estimular o bico do seio meses antes do parto, é importante lembrar que isso não é necessário e pode até ser desencorajado. Como você apontou, a estimulação do mamilo pode levar à liberação do hormônio ocitocina, que está relacionado às contrações uterinas. Isso pode representar um risco de trabalho de parto prematuro e, portanto, deve ser evitado, a menos que haja uma indicação médica específica.

Em geral, a produção de colostro ocorre naturalmente no período pós-parto, em resposta ao estímulo hormonal e à sucção do bebê durante as mamadas. As mães podem ficar tranquilas, pois o corpo está preparado para fornecer o colostro de que o bebê precisa para começar sua vida de forma saudável e protegida. O acompanhamento e suporte de profissionais de saúde qualificados durante o período pós-parto são fundamentais para garantir que a amamentação ocorra de forma tranquila e bem-sucedida.

A consulta Pediátrica Pré-Natal.

A consulta pediátrica pré-natal é uma prática difundida em países desenvolvidos, mas ainda pouco conhecida e praticada no Brasil. No entanto, essa consulta tem se mostrado de grande importância para a saúde do bebê e a orientação dos pais, trazendo diversos benefícios.

Realizada no terceiro trimestre gestacional, a consulta pediátrica pré-natal permite que os pais conheçam o profissional que cuidará da saúde de seu filho logo após o nascimento. Durante a consulta, o pediatra poderá solicitar todos os exames de pré-natal, avaliar os riscos relacionados à gestação, discutir a via de parto preferível pela gestante e explicar todos os procedimentos que serão realizados pelo pediatra durante o trabalho de parto e após o nascimento.

O pediatra também abordará temas importantes, como as vacinas que serão administradas na maternidade, os exames de triagem neonatal, os cuidados com o bebê logo após o nascimento e a importância da primeira mamada na primeira hora de vida. Além disso, o aspecto emocional da gestante será avaliado, e a consulta poderá incluir o rastreio de prevenção de doenças psiquiátricas do puerpério, como a depressão materna ou o “baby blue”. Orientações sobre o preparo da casa para a chegada do bebê e prevenção de acidentes também são aspectos importantes a serem abordados na consulta.

Caso seja desejo dos pais, a consulta pré-natal também pode incluir a discussão sobre a disponibilidade do médico para visita à maternidade e o agendamento da primeira consulta pós-natal.

Essa consulta pré-natal com o pediatra é fundamental para que os pais estejam preparados e orientados sobre os cuidados com o bebê desde os primeiros momentos de vida. Através dessa consulta, a morbimortalidade do recém-nascido pode ser reduzida, o aleitamento materno é incentivado, e os pais se sentem mais seguros e informados sobre os procedimentos e cuidados ao recém-nascido na maternidade.

É importante ressaltar que a escolha do pediatra é um processo importante, pois os pais devem se sentir confortáveis e seguros com o profissional que irá cuidar da saúde de seu filho. A consulta pré-natal é uma oportunidade para os pais conhecerem o pediatra e estabelecerem uma relação de confiança para o acompanhamento da saúde do bebê.

Os primeiros mil dias.

Os primeiros mil dias da criança é composto pelo período gestacional, de 270 dias, somado aos dois primeiros anos da criança. Trata-se de um tema cada vez mais abordado com casais que pretendem engravidar ou gestantes, pois seu impacto no desenvolvimento da criança é muito grande.


Durante muito tempo, e em alguns locais até hoje, não foi dada a importância a esse período, talvez por falta de informação aos pais ou capacitação profissional, mas, hoje em dia, com a era da internet, os pais ou casais que pretendem ter filhos têm acesso a todo tipo de informação, e cada vez mais esse tema vem à tona nas consultas pré-natais pediátricas ou obstétricas.


Esse período é de suma relevância para o crescimento e amadurecimento cerebral, pois, na quarta semana de gestação, o cérebro surge com aproximadamente 10 mil células, e já na vigésima quarta semana apresenta 10 bilhões de células. Após o nascimento, o cérebro do bebê tem aproximadamente 25% do tamanho do adulto, e ao terminar o segundo ano apresenta 80% do volume cerebral do adulto, portanto, é o período de intenso crescimento, não só em volume, mas em sinapses. Assim, é sem dúvida o período de maior neuroplasticidade da criança.


Nos primeiros dois anos é moldado o perfil metabólico da criança, o que muito depende do hábito alimentar materno (antes, durante e após a gestação), que irá resultar em hábitos bons ou ruins de uma criança e, consequentemente, no caso de ser um hábito ruim, um risco cardiovascular elevado em um futuro muito distante, por exemplo.


É importante lembrar que nem tudo depende apenas de uma boa dieta materna e suplementação de vitaminas, se necessário. Existe um componente muito importante, vital ao ser humano, que é o amor e a sensação de ser querido. Nada é mais importante para o desenvolvimento saudável de uma criança que um ambiente agradável, estimulador, acolhedor, com muita atenção e carinho.

Amamentação na primeira hora de vida.

A amamentação na primeira hora após o nascimento, conhecida como “hora de ouro”, é um momento crucial para a saúde e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê. Durante esse período, o contato pele a pele entre a mãe e o recém-nascido proporciona uma série de benefícios importantes para ambos.

Para o bebê, a amamentação na primeira hora é fundamental porque:

  1. Estimula o instinto de busca do seio materno: O contato pele a pele facilita o reconhecimento do cheiro e da voz da mãe, ajudando o bebê a encontrar o seio e iniciar a mamada.
  2. Inicia a produção do leite materno: A sucção do bebê estimula a liberação do hormônio prolactina, que é responsável pela produção do leite materno.
  3. Protege contra infecções: O colostro, o primeiro leite produzido após o parto, é rico em anticorpos e nutrientes essenciais que protegem o bebê contra infecções e fortalecem o sistema imunológico.
  4. Ajuda na regulação da temperatura: O contato pele a pele ajuda a manter a temperatura corporal do bebê, evitando a hipotermia.

Para a mãe, a amamentação na primeira hora também traz inúmeros benefícios:

  1. Estimula a liberação de ocitocina: A amamentação ajuda a liberar o hormônio ocitocina, que é responsável por contrair o útero, reduzindo o risco de sangramento pós-parto.
  2. Favorece o vínculo mãe-bebê: O contato pele a pele cria uma conexão emocional entre a mãe e o bebê, promovendo o vínculo afetivo.
  3. Reduz o risco de depressão pós-parto: A amamentação e o contato pele a pele liberam hormônios que ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade, contribuindo para a saúde mental da mãe.

É importante que a equipe de saúde esteja bem treinada e conscientize as gestantes sobre a importância da amamentação na primeira hora após o parto. Infelizmente, algumas situações podem impedir esse momento, como complicações durante o parto ou procedimentos médicos que demandem a separação temporária do bebê da mãe. Nesses casos, é importante que a equipe tome medidas para promover o contato pele a pele e a amamentação o mais breve possível, mesmo que não seja imediatamente após o nascimento.

A amamentação é um ato de amor e proteção para o bebê e um momento especial para a mãe. Portanto, é fundamental que as mães sejam apoiadas e orientadas para que possam vivenciar esse momento de forma positiva e saudável para ambos.

Nitrato de prata e o primeiro olhar.

O Nitrato de Prata, uma solução aplicada nos olhos do recém-nascido logo após o nascimento, tem sido utilizado há muitos anos como medida para reduzir drasticamente as conjuntivites neonatais.

Entretanto, em muitos países, seu uso foi abolido devido à alta taxa de conjuntivite química transitória relacionada às aplicações. Isso resulta em irritação ocular, secreção excessiva nos olhos e pode reduzir a acuidade visual do bebê, impedindo o primeiro olhar entre o bebê e a mãe nas primeiras horas após o nascimento.

Atualmente, nos países desenvolvidos, opta-se pelo uso de colírios à base de Eritromicina, que têm menor chance de causar conjuntivite química e facilitam o primeiro contato visual entre mãe e filho.

Sendo assim, é importante discutir com a equipe responsável pelo pré-natal as medidas alternativas, tais como:

  1. Realização de testes para Clamídia e Gonococo no primeiro e terceiro trimestres da gestação;
  2. Uso de Eritromicina, se possível, em ambiente hospitalar.