Uso excessivo de telas e suas implicações.

É verdade que a tecnologia e o uso excessivo de telas têm se tornado cada vez mais presentes em nossas vidas, especialmente para as gerações conhecidas como “nativos digitais”, que cresceram em um mundo altamente conectado. Embora a tecnologia tenha proporcionado muitos avanços e facilidades, é importante lembrar que seu uso excessivo, especialmente entre as crianças em desenvolvimento, pode trazer alguns prejuízos à saúde física e mental.

Os estudos têm apontado diversos problemas associados ao uso excessivo de telas em crianças, como:

  1. Obesidade: O uso prolongado de telas está relacionado ao sedentarismo, que por sua vez pode levar ao ganho de peso e à obesidade.
  2. Miopia: Passar muito tempo olhando para telas pode aumentar o risco de desenvolver miopia, especialmente em crianças.
  3. Distúrbios do sono: O uso de telas antes de dormir pode prejudicar o sono, interferindo na qualidade e quantidade de horas dormidas.
  4. Problemas de saúde mental: O uso excessivo de telas tem sido associado a um maior risco de desenvolver depressão, ansiedade e outros problemas de saúde mental, especialmente em crianças e adolescentes.
  5. Agressividade: Alguns estudos sugerem que o uso excessivo de jogos e conteúdos violentos pode estar relacionado a comportamentos mais agressivos em crianças.

Portanto, é importante que os pais estejam atentos ao tempo que seus filhos passam diante das telas e sigam as recomendações das entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Academia Americana de Pediatria, para limitar o tempo de exposição de acordo com a faixa etária. Além disso, é fundamental incentivar outras atividades saudáveis, como brincadeiras ao ar livre, jogos de tabuleiro e interações sociais presenciais.

Os pais têm um papel essencial como modelo de comportamento para seus filhos, por isso é importante também que eles próprios adotem um uso consciente da tecnologia e evitem o uso excessivo de telas em momentos de interação familiar. Buscar alternativas para entretenimento e estimulação adequada é fundamental para garantir um desenvolvimento saudável e equilibrado das crianças em um mundo cada vez mais digital.

Atraso de fala, até quando esperar?

A fala é um dos principais processos evolutivos do homem, sem esse marco no nosso desenvolvimento com certeza estaríamos muito atrás no processo evolutivo ou até mesmo não estaríamos mais nesse mundo.

Durante os primeiros meses o bebê já é capaz de se comunicar através de choro, grunhidos e gritos que auxiliam os cuidadores a identificar necessidades dele, no segundo mês de vida já emite sorrisos e balbucia em resposta a atividades prazerosas, próximo aos 12 meses já inicia a fala mais coordenada com referências especificas, aos 2 anos já é capaz de formar frases com duas palavras. Devido esta ferramenta tão importante que é a comunicação do ser humano, qualquer atraso é motivo para ansiedade e questionamento dos pais, será que meu filho está atrasado?

Na consulta pediátrica destacamos sempre alguns pontos importantes que devem ser levados em consideração: 

– 1 ano: não imita sons ou palavras, prefere usar gestos para se comunicar.

– 2 anos: não fala, repete palavras sem sentido para comunicação, dificuldade de compreender o que a criança está falando.

Caso seu filho não atinja os marcos da fala de acordo com a média da população, deve ser avaliado por uma equipe multidisciplinar: Pediatra, Fonoaudiólogo e Otorrinolaringologista em alguns casos. Primeira medida é manter a calma, nem todo atraso de fala é causado por doença, vários fatores como ambientais e psicológicos podem causar este atraso e resultar no que chamamos de falante tardio.

Nunca devemos atrasar esta avaliação inicial para crianças, pois os primeiros três anos de vida são cruciais para o desenvolvimento da fala e linguagem.

Tamiflu e gripe.

É lamentável que mesmo após passarmos por uma pandemia de COVID-19, ainda enfrentemos desafios na prevenção e controle de outras doenças infecciosas, como a gripe causada pelo vírus Influenza.

A baixa cobertura vacinal para gripe é preocupante, pois a vacinação é uma das principais medidas de prevenção contra essa doença. A gripe pode ser grave, especialmente em grupos de risco, como crianças pequenas, idosos e pessoas com condições de saúde subjacentes. Além disso, a sobrecarga nos leitos de UTI pediátrica é uma questão importante, e a prevenção da gripe pode ajudar a reduzir a demanda por esses leitos e garantir que eles estejam disponíveis para pacientes com outras necessidades médicas graves.

É fundamental que os pais estejam atentos aos sintomas da gripe em seus filhos e busquem atendimento médico rapidamente em caso de suspeita da doença. O diagnóstico precoce pode permitir o tratamento adequado com antivirais, se indicado, e ajudar a evitar complicações mais graves.

Além disso, a vacinação é uma medida importante para proteger a saúde de todos, inclusive dos grupos de risco. As campanhas de vacinação devem ser amplamente divulgadas e incentivadas pela sociedade e pelas autoridades de saúde, para garantir que mais pessoas sejam imunizadas contra a gripe.

A prevenção é sempre a melhor abordagem para combater doenças infecciosas, e a vacinação é uma das formas mais eficazes de proteger a si mesmo e aos outros. Vacine seu filho e ajude a evitar o aumento de casos e internações por gripe no Brasil.

*Este artigo não tem conflito de interesse ou está associado a qualquer propaganda medicamentosa.

Fonte: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_tratamento_influenza_2017.pdf

Bronquiolite

A bronquiolite viral aguda é uma infecção comum nos seres humanos, ela é causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), sua circulação costuma ser sazonal ocorrendo pico nos meses de outono e inverno. Os sintomas da infecção são muito inespecíficos na população de baixo risco, muito semelhante a um resfriado comum, pacientes podem apresentar tosse, coriza, dor de cabeça, dor no corpo e febre. Apesar de ser um vírus inofensivo para grande maioria da população, a bronquiolite ainda é considerada um grande problema de saúde pública, responsável pela ocupação de leitos de UTI Pediátrica, internações prolongadas e óbitos principalmente em crianças menores de 2 anos. Devido esse grande impacto na saúde pública, vários estudos são realizados no mundo, com grandes avanços nos últimos anos, hoje já estão disponíveis antivirais para prevenção de casos graves nos grupos de risco e vacinas para gestantes (aprovado pelo FDA nos EUA) . Os pacientes considerados grupo de risco: menores de 2 anos, prematuros, broncodisplasicos, cardiopatas e portadores de síndromes genéticas, devem receber atenção especial aos sintomas de gravidade como esforço respiratório, uso de musculatura dos ombros para respirar, pausas respiratórias, recusa alimentar, palidez e gemência. Caso seu filho apresente qualquer um desses sintomas é obrigatório uma avaliação pelo médico, de preferência em unidade de emergência. O tratamento basicamente é de suporte com lavagem nasal com soro fisiológico, antitérmico e observação, casos graves necessitam de oxigênio para suporte até recuperação da doença, que costuma ocorrer entre 7 a 14 dias.ChatGPT

A bronquiolite viral aguda é uma infecção comum causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR) que afeta principalmente crianças menores de 2 anos, prematuros, broncodisplásicos, cardiopatas e portadores de síndromes genéticas, sendo um problema significativo de saúde pública. A circulação do vírus geralmente ocorre nos meses de outono e inverno.

Os sintomas iniciais da bronquiolite são inespecíficos e podem ser semelhantes a um resfriado comum, incluindo tosse, coriza, dor de cabeça, dor no corpo e febre. No entanto, em pacientes de risco, a infecção pode levar a complicações graves, incluindo a necessidade de internações prolongadas em unidades de terapia intensiva pediátrica.

Existem antivirais disponíveis para prevenção de casos graves em grupos de risco, além de vacinas aprovadas para gestantes nos Estados Unidos. No entanto, o tratamento principal ainda é de suporte, envolvendo lavagem nasal com soro fisiológico, uso de antitérmicos e observação. Casos graves podem exigir suporte de oxigênio até a recuperação completa da doença, o que geralmente ocorre entre 7 a 14 dias.

É essencial que os cuidadores estejam atentos aos sinais de gravidade, como esforço respiratório, uso de musculatura dos ombros para respirar, pausas respiratórias, recusa alimentar, palidez e gemência. Caso a criança apresente qualquer um desses sintomas, é fundamental buscar avaliação médica, preferencialmente em uma unidade de emergência.

A prevenção é sempre importante, especialmente em grupos de risco. Medidas de higiene, como lavagem frequente das mãos e evitar contato com pessoas doentes, podem ajudar a reduzir o risco de infecção pelo vírus sincicial respiratório.

Estresse tóxico na infância.

O estresse tóxico na infância é um tema importante, porém ainda não muito debatido entre as famílias. Ele se refere a estímulos estressantes elevados e contínuos que podem levar a danos irreversíveis no neurodesenvolvimento de uma criança.

Existem dois tipos de estresse que devemos considerar: o estresse positivo, que ocorre em períodos curtos e é apropriado para o estágio de maturidade psicológica da criança (por exemplo, vacinação, dificuldades escolares, atividades esportivas); e o estresse negativo, que ocorre por períodos prolongados e de forte intensidade (por exemplo, abuso infantil, negligência, excesso de atividades extracurriculares, agressão, famílias desestruturadas).

Independentemente do tipo de estresse, nosso cérebro reage da mesma maneira, liberando o hormônio do estresse (Cortisol) e ativando o sistema adrenérgico (liberação de adrenalina) para preparar o corpo para aumentar a vigilância e responder rapidamente ao estímulo, seja para lutar ou fugir – são mecanismos de sobrevivência. No entanto, quando o estresse é contínuo e de alta intensidade, a ação do cortisol pode alterar a arquitetura cerebral, reduzindo o crescimento cerebral e a quantidade de conexões através das sinapses.

Essa alteração na arquitetura cerebral pode levar a diversas doenças, como esquizofrenia, depressão, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno do espectro autista, hipertensão, doenças autoimunes e AVC na idade adulta.

Para prevenir ou atenuar o estresse tóxico na infância, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda algumas medidas:

  1. Cuidados no pré-natal, evitando estresses contínuos e prolongados para a mãe.
  2. Rastreamento de crianças vítimas de maus-tratos, incluindo o abuso sexual, especialmente nos serviços de atendimento primário de saúde.
  3. Limitação do uso de telas e fiscalização de conteúdo visualizado pelos jovens.
  4. Estabelecimento de hábitos saudáveis de sono.
  5. Estímulo à leitura.
  6. Incentivo ao brincar.
  7. Prática de esportes apropriados para a idade.
  8. Expressão de afeto, abraços, beijos e conversas com os filhos.

É importante que os pais se dediquem a estar presentes e interagir com seus filhos, desligando o celular e oferecendo momentos de contato visual e afetivo, pois essas são ações que podem ajudar a reduzir o estresse tóxico e promover um desenvolvimento saudável na infância.

Meningite B, preciso mesmo vacinar?

Diante do alto custo das vacinas ofertadas pela rede particular, muitas famílias se perguntam: qual devo priorizar?

Primeiro é importante lembrar que o Brasil através do SUS tem um dos programas nacionais de imunização mais completos do mundo, sendo assim, já temos uma boa cobertura vacinal.
Dentre todas as vacinas particulares ofertadas para complementar o calendário vacinal do SUS, eu recomendo sempre como prioridade a vacina da Meningite B.

A meningite bacteriana, é uma doença que acomete mais comumente crianças menores de 10 anos, podendo deixar sequelas graves e causando a morte em grande parte dos casos.

A vacinação para Meningite C foi implementada no ano de 2010 no SUS, ocorrendo uma grande queda no número de casos por esse subtipo.

Infelizmente como algumas vacinas ainda não estão inseridas no Programa Nacional de Imunização esses subtipos acabam prevalecendo e circulando mais em nosso meio, ocorrendo um processo de transição epidemiológica, como vem ocorrendo com a Meningite B no Brasil, que atualmente já é a segunda maior causadora de meningite bacteriana

Fonte de dados: https://datasus.saude.gov.br/

Dr. Túlio Alonso João – Pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria /RQE: 85275.