Intolerância a lactose, quando devemos pensar?

A intolerância à lactose infantil é uma condição cada vez mais comum entre as crianças e pode afetar diretamente a qualidade de vida dos pequenos. Muitas vezes confundida com outras doenças digestivas, essa condição exige atenção dos pais e acompanhamento médico especializado para um diagnóstico correto. Neste artigo, vamos explicar o que é a intolerância à lactose, como identificá-la.

O que é a Intolerância à Lactose?

A intolerância à lactose é a incapacidade do organismo de digerir a lactose, um açúcar encontrado no leite e em produtos lácteos. Isso ocorre devido à deficiência ou ausência da lactase, enzima responsável pela quebra da lactose no intestino. Embora seja mais comum em adultos, a intolerância à lactose também pode ser diagnosticada em crianças, especialmente após o primeiro ano de vida, quando o consumo de leite começa a diminuir.

Sintomas da Intolerância à Lactose em Crianças

Os sintomas de intolerância à lactose podem variar de leves a mais intensos e costumam se manifestar logo após o consumo de alimentos ou bebidas que contenham lactose. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, os sinais mais comuns incluem:

  • Dor abdominal (cólica);
  • Inchaço e sensação de estufamento;
  • Gases excessivos;
  • Diarreia ou fezes líquidas;
  • Náuseas e, em alguns casos, vômitos.

Esses sintomas podem ser confundidos com outras condições digestivas, como a síndrome do intestino irritável ou infecções gastrointestinais. Por isso, é importante procurar um médico pediatra para obter um diagnóstico adequado.

Diagnóstico da Intolerância à Lactose

O diagnóstico da intolerância à lactose em crianças é feito por meio de avaliação clínica e exames específicos, como:

  1. Teste de Tolerância à Lactose: A criança ingere uma solução contendo lactose, e o nível de glicose no sangue é monitorado para verificar como o organismo reage.

  2. Teste de Hidrrogênio Expirado: Este exame mede a quantidade de hidrogênio no ar expirado após a ingestão de lactose. Níveis elevados indicam dificuldade em digerir o açúcar.

  3. Testes Genéticos: Embora não seja comumente utilizado, o teste genético pode ser feito para verificar a predisposição à intolerância à lactose, especialmente em casos mais complexos.

Tratamento da Intolerância à Lactose

Não existe cura para a intolerância à lactose, mas é possível gerenciar a condição de forma eficaz com algumas adaptações na alimentação e no estilo de vida. A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) recomenda:

  1. Evitar Alimentos com Lactose: A principal forma de controle é a exclusão da lactose da dieta da criança. Isso pode incluir o uso de leites e produtos lácteos sem lactose, além de verificar os rótulos dos alimentos para garantir que não contenham esse açúcar.

  2. Uso de Enzimas Lactase: Em alguns casos, o pediatra pode recomendar o uso de suplementos de lactase, enzima responsável por auxiliar na digestão da lactose, permitindo que a criança consuma produtos lácteos em pequenas quantidades sem o surgimento dos sintomas.

  3. Substitutos do Leite: Leites vegetais, como os de soja, amêndoa e coco, podem ser boas alternativas ao leite de vaca, desde que sejam enriquecidos com cálcio e vitamina D para garantir o aporte nutricional adequado.

  4. Acompanhamento Nutricional: Em casos de intolerância severa, o acompanhamento de um nutricionista pediátrico é fundamental para evitar deficiências nutricionais, como a falta de cálcio e vitamina D.

A Importância do Diagnóstico Precoce

Identificar a intolerância à lactose o quanto antes ajuda a evitar o sofrimento desnecessário da criança e a implementar uma dieta adequada. Como os sintomas podem ser confundidos com outras condições, os pais devem ficar atentos aos sinais de desconforto abdominal recorrente e procurar orientação médica especializada.

Quando Consultar o Pediatra?

Se a criança apresenta sintomas digestivos após consumir leite ou produtos lácteos, é importante consultar o pediatra. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado ajudam a garantir que a criança cresça de forma saudável, sem prejuízos nutricionais ou qualidade de vida.

Conclusão

A intolerância à lactose infantil é uma condição que exige cuidado e atenção. Embora os sintomas possam ser desconfortáveis, com o acompanhamento médico adequado e a adaptação alimentar, é possível que a criança viva de maneira saudável e sem restrições alimentares excessivas. Lembre-se sempre de consultar um especialista para um diagnóstico preciso e orientações sobre o melhor tratamento para o seu filho.

Fontes:

Dr. Túlio Alonso João – Pediatra, Especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria – RQE: 85275. 
Atendimentos em Botafogo e Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
 

Cuidados estéticos e amamentação

O nascimento de um filho é um processo mágico que transforma a vida da mãe. A notícia da gravidez traz consigo muitas mudanças, e o desenvolvimento do bebê no útero da mãe é um período de transformação para ambos. Após o nascimento, tanto a mãe quanto o bebê passam por uma série de mudanças físicas e emocionais.

À medida que o bebê cresce e a mãe começa a retomar suas rotinas, ela assume um papel duplo: o de mãe e o de mulher, mantendo sua personalidade e cuidando de sua autoestima. Nesse período, surgem diversas dúvidas sobre os cuidados estéticos, especialmente quando a mãe está amamentando. O que posso fazer sem prejudicar meu bebê?

Cuidados Estéticos Permitidos Durante a Amamentação

Existem tratamentos estéticos que podem ser realizados com segurança durante a amamentação, sempre com acompanhamento médico. Confira os procedimentos estéticos geralmente considerados seguros:

  • Luz pulsada para manchas no corpo: ideal para tratar manchas, a luz pulsada é uma opção não invasiva.
  • Depilação a laser: procedimento seguro para remoção de pelos durante a amamentação.
  • Criofrequência: Tecnologia que usa o frio e o calor para melhorar a firmeza da pele, podendo ser feita com segurança.
  • Preenchimento facial: quando feito por um profissional qualificado, o preenchimento facial é seguro.
  • Bioestimuladores de colágeno: tratamento estético que estimula a produção de colágeno sem riscos para a amamentação.
  • Tintas de cabelo semipermanentes sem chumbo ou amônia: essas opções são mais seguras para as mães que amamentam.
  • Radiofrequência para celulite: procedimento não invasivo que pode ser realizado sem risco durante a amamentação.
  • Água oxigenada: pode ser usada com cautela, especialmente para clareamento de manchas.

Cuidados Estéticos a Evitar Durante a Amamentação

Alguns procedimentos estéticos devem ser evitados durante o período de amamentação, pois podem representar riscos para a saúde do bebê. Veja o que não fazer:

  • Tintas de cabelo com chumbo ou amônia: esses produtos podem liberar substâncias prejudiciais e devem ser evitados.
  • Ácido retinóico (medicamentos para acne): Este ingrediente pode ser absorvido pela pele e impactar a amamentação.
  • Vitamina A (medicamentos para acne): Assim como o ácido retinóico, a vitamina A pode afetar a produção de leite.
  • Hidroquinona: Comum em cremes clareadores, a hidroquinona não é recomendada para mães que amamentam.
  • Tatuagem: Mesmo com cuidados, há um pequeno risco de infecção, principalmente devido a doenças como HIV e Hepatite B, que devem ser evitados durante a amamentação.

A Importância de Cuidar da Autoestima Durante a Amamentação

Os cuidados com a autoestima são essenciais durante o período pós-parto. Eles fazem parte de um processo psicológico saudável, onde mãe e bebê começam a se separar emocionalmente, respeitando a nova fase da vida de ambos. A busca pelo bem-estar físico e emocional é fundamental para o equilíbrio e saúde da mãe, que precisa de suporte não apenas físico, mas também psicológico.

Na dúvida, sempre consulte seu pediatra ou dermatologista para garantir que os procedimentos estéticos sejam seguros durante a amamentação. A saúde do bebê deve ser sempre a prioridade.

Dr. Túlio Alonso João – Pediatra, Especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria – RQE: 85275. 
Atendimentos em Botafogo e Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

 

Lavagem nasal e dor de ouvido

  1. A importância da lavagem nasal e como realizá-la corretamente

    Com o avanço da tecnologia e a facilidade de acesso à informação, muitos pais têm encontrado na internet uma aliada na hora de cuidar e criar seus filhos. No entanto, é fundamental ter cuidado com as fontes das informações, já que nem sempre os conteúdos disponíveis são confiáveis ou baseados em evidências científicas.

    Um exemplo de prática amplamente discutida é a lavagem nasal, uma técnica milenar originada na cultura hindu, conhecida como jala neti. Essa técnica é essencial para fluidificar, umidificar, desobstruir as vias aéreas e melhorar o batimento ciliar nasal, proporcionando alívio dos sintomas nasais e maior conforto.

    Quando realizar a lavagem nasal?

    A lavagem nasal é indicada em casos de:

    • Obstrução nasal
    • Secreção nasal causada por infecções ou alergias

    Pode ser feita diariamente como prevenção?

    Não. A lavagem nasal não deve ser realizada de forma preventiva, já que:

    • Não há estudos que comprovem a redução de infecções respiratórias com o uso diário do soro fisiológico.
    • O muco nasal funciona como uma proteção natural, assim como o cerúmen no ouvido. Lavagens frequentes podem remover essa barreira, deixando a região mais vulnerável.

    A lavagem nasal pode causar dor de ouvido ou otite?

    Sim, mas somente se feita de forma inadequada.

    • Dor de ouvido: Pode ocorrer devido ao uso de alta pressão, volume excessivo ou postura incorreta da cabeça, resultando na abertura da tuba auditiva.
    • Otite: Não há evidências que associem a lavagem nasal com um aumento de infecções no ouvido.

    Como realizar a lavagem nasal corretamente?

    Seguir a técnica adequada é fundamental:

    1. Posição da cabeça: Inclinar para o lado oposto da narina que será lavada.
    2. Direcionamento do jato: Aplicar o soro na lateral da narina, evitando o septo nasal.
    3. Pressão e volume: Utilizar baixa pressão e aplicar de forma contínua, especialmente com garrafinhas específicas.
    4. Técnica lúdica (para crianças): Incentive-as a falar “Aaaaaa” durante o procedimento para facilitar a aplicação.

Qual o volume ideal para cada idade?

O volume varia de acordo com a idade e o dispositivo utilizado. Seguir orientações pediátricas específicas para cada faixa etária:

Menores de 6 meses.

6 meses a 2 anos.

 

Acima de 2 anos.


(FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria)

Enfim a lavagem nasal é segura e eficaz, devendo ser realizada com a técnica necessária, não tenha medo de lavar o nariz do seu filho, isso ira trazer conforto e aliviar os sintomas dele. Na dúvida consulta um profissional para melhor orientação.

Fontes:
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/24053f-GPA_ISBN_-_Lavagem_Nasal.pdf

Dr. Túlio Alonso João – Pediatra, Especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria – RQE: 85275. 
Atendimentos em Botafogo e Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

 

mão-pé-boca

A Doença Mão-Pé-Boca é uma infecção viral comum, especialmente em crianças pequenas. Causada principalmente por enterovírus, como o cox­sackievirus, essa doença é altamente contagiosa e pode se espalhar rapidamente em ambientes como creches, escolas e outros locais com grande concentração de crianças. 

Causas e Transmissão da Doença Mão-Pé-Boca 

A principal causa da doença mão-pé-boca são os enterovírus, com destaque para o cox­sackievirus, que é o responsável pela maioria dos casos. A transmissão ocorre através do contato direto com secreções respiratórias (como saliva e secreção nasal) e fezes de uma pessoa infectada. Devido à forma como o vírus é transmitido, é muito comum o surgimento de surtos em lugares como creches, escolas e outros ambientes de convivência coletiva. 

Sintomas da Doença Mão-Pé-Boca 

Os principais sintomas da doença mão-pé-boca incluem: 

  • Febre baixa 

  • Dor de garganta 

  • Manchas vermelhas no corpo 

  • Lesões circulares ou puntiformes nas mãos, pés, nádegas e joelhos, que podem causar dor ou coceira 

  • Aftas orais (lesões doloridas na boca) 

  • Diarreia 

  • Vômitos 

  • Secreção nasal 

É importante observar que, embora esses sintomas sejam típicos, nem todas as crianças apresentarão todos eles. A evolução pode variar, mas geralmente os sintomas desaparecem em um período de 7 a 10 dias. 

Diagnóstico da Doença Mão-Pé-Boca 

O diagnóstico da doença mão-pé-boca é clínico, feito por meio de um exame físico detalhado e avaliação da história médica da criança. Não são necessários exames laboratoriais para confirmar a infecção. No entanto, é importante que os pais ou responsáveis fiquem atentos aos sinais e busquem orientação médica caso surjam complicações. 

Tratamento e Cuidados para a Doença Mão-Pé-Boca 

Embora não exista um tratamento específico para a doença, o tratamento baseia-se em medidas de alívio dos sintomas: 

  • Anti-inflamatórios e analgésicos para controlar a dor e a febre 

  • Hidratação adequada, especialmente se houver sintomas de diarreia e vômitos 

  • Colutórios orais para aliviar as aftas bucais (sob orientação médica) 

Antibióticos não são recomendados, pois a doença é causada por um vírus e não por bactérias, e o uso indiscriminado de antibióticos não ajuda na recuperação nem impede a transmissão. 

Complicações da Doença Mão-Pé-Boca 

A maioria das crianças se recupera sem complicações, mas alguns casos podem evoluir para complicações mais graves. As complicações mais comuns incluem: 

  • Desidratação, devido à dor ao engolir e dificuldades alimentares 

  • Descamação da pele nas mãos e pés (que pode ocorrer até 30 dias após a infecção) 

  • Em casos raros, a doença mão-pé-boca pode evoluir para uma forma mais grave, causando meningite asséptica, que exige atenção médica imediata. 

Prevenção e Isolamento 

A prevenção da doença mão-pé-boca é focada em medidas de higiene rigorosas: 

  • Lavar as mãos com frequência, especialmente após o uso do banheiro e antes das refeições 

  • Evitar o contato com pessoas infectadas, principalmente em ambientes coletivos 

  • Desinfetar objetos e superfícies compartilhadas, como brinquedos, mesas e cadeirinhas 

Os pacientes devem permanecer isolados de outras crianças até 7 dias após o início dos sintomas para evitar a propagação do vírus. 

Quando Procurar um Médico? 

Embora a doença geralmente se resolva em 7 a 10 dias, é importante procurar um médico caso a criança apresente sintomas graves, como febre alta, dificuldade para respirar ou sinais de desidratação, como boca seca e diminuição da produção de urina. 

Conclusão 

A doença mão-pé-boca é uma condição comum, mas com os cuidados adequados, ela tende a evoluir de forma benigna. Ao observar os sintomas, manter a higiene em dia e garantir hidratação, é possível minimizar os desconfortos e evitar a propagação do vírus. Se houver qualquer dúvida ou complicação, consulte sempre um pediatra para obter o melhor acompanhamento para a saúde do seu filho. 

 

Fontes:

 

https://soperj.com.br/doenca-mao-pe-boca/  

Dr. Túlio Alonso João – Pediatra, Especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria – RQE: 85275. 
Atendimentos em Botafogo e Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Miosite viral

A miosite viral é uma inflamação transitória nos músculos que afeta uma pequena parcela das crianças, sendo mais comum em crianças com menos de 5 anos. Essa condição pode ocorrer devido a uma agressão direta do vírus ao sistema musculoesquelético ou como uma resposta autoimune após uma infecção viral.

Causas da Miosite Viral

A miosite viral é provocada por diferentes tipos de vírus, sendo os mais comuns:

Esses vírus podem causar a inflamação muscular direta ou desencadear uma reação autoimune que afeta os músculos da criança após a infecção.

Sintomas da Miosite Viral

Os principais sintomas da miosite viral incluem:

  • Dor ao caminhar: As crianças podem ter dificuldade para andar devido à dor muscular, especialmente nas panturrilhas ou coxas.
  • Recusa em colocar os pés no chão: A dor pode ser tão intensa que a criança evita apoiar os pés.
  • Claudicação: O mancar ou dificuldade para andar, frequentemente associado a dor muscular, é comum.
  • Sintomas gerais de infecção: Além da dor muscular, a criança pode apresentar tosse, coriza, dor de cabeça e febre, típicos das infecções virais que causam a miosite.

Em casos graves, a miosite viral pode levar a complicações mais sérias, como lesão renal e insuficiência renal, sendo um sinal precoce disso a urina mais escura, com cor de chá preto, e a redução do volume urinário.

Diagnóstico da Miosite Viral

O diagnóstico de miosite viral é clínico, baseado na história da criança e no exame físico. O médico geralmente consegue identificar a condição pela presença dos sintomas típicos de dor muscular associada a uma infecção viral recente. Em casos mais graves, ou quando há sinais de complicação renal, podem ser solicitados exames para avaliar:

  • A função renal
  • Níveis de enzimas musculares, que podem estar elevados devido à inflamação muscular.

Tratamento da Miosite Viral

O tratamento depende da gravidade da condição:

  • Casos leves a moderados: O tratamento geralmente envolve o aumento da ingestão de líquidos, para manter a hidratação e ajudar a prevenir complicações renais. Analgésicos podem ser usados para aliviar a dor, e o repouso domiciliar é recomendado para ajudar na recuperação.

  • Casos graves: Em situações mais graves, a internação hospitalar pode ser necessária para monitorar a função renal e fornecer tratamentos mais específicos, como a administração de líquidos intravenosos.

Recuperação e Prognóstico

A boa notícia é que a miosite viral tem um prognóstico favorável. A maioria das crianças se recupera completamente em 3 a 7 dias sem deixar sequelas. O acompanhamento médico é importante para garantir que não haja complicações, como insuficiência renal, que possam exigir cuidados mais intensivos.

Conclusão

A miosite viral é uma condição que, embora desconfortável, geralmente tem uma recuperação rápida e sem complicações duradouras. A detecção precoce e o tratamento adequado são essenciais para garantir que a criança se recupere sem maiores problemas. Pais e responsáveis devem estar atentos aos sintomas e procurar orientação médica se a criança apresentar sinais de dor muscular intensa, especialmente quando associada a uma infecção viral recente.

Fontes:

Dr. Túlio Alonso João – Pediatra, Especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria – RQE: 85275. 
Atendimentos em Botafogo e Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Queda dos cabelos pós-parto.

Doutor, meu cabelo está caindo muito! Já comprei todas essas vitaminas na farmácia e nada adianta. Acho que vou ficar careca! 

Essa é uma queixa comum nas consultas pediátricas, especialmente quando o bebê tem cerca de 3 meses de vida.

Por que o cabelo cai após o parto? 

Essa queda de cabelo é chamada de efluvio telógeno pós-parto. Ela acontece devido ao aumento dos níveis de estrogênio durante a gestação, que mantém os cabelos na fase de crescimento. É por isso que muitas mulheres notam seus cabelos mais brilhosos e volumosos durante a gravidez. No entanto, ao atingir o terceiro mês após o parto, os níveis de estrogênio caem rapidamente, o que causa a queda dos fios que estavam retidos. 

Há como evitar? 

Infelizmente, não. Não existe forma comprovada de evitar essa queda, pois ela é causada por alterações hormonais, e não por deficiências nutricionais, como muitas pessoas pensam. 

Tem tratamento? 

Não, não há tratamento específico para essa queda. Não é recomendado o uso de medicamentos ou vitaminas sem orientação médica, pois isso pode expor a mãe ou o bebê a substâncias desconhecidas e gerar custos desnecessários. 

E se meu cabelo continuar caindo após 6 meses ou mais do parto, ainda é eflúvio telógeno pós-parto? 

Nesse caso, é importante investigar outras causas, como desequilíbrios hormonais, estresse, doenças ou desnutrição materna. É recomendado consultar um dermatologista para uma avaliação mais detalhada. 

 

Fontes: 

Atendimentos em Botafogo e Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. 

 

 

 

 

Obstrução do ducto nasolacrimal

Seu filho acabou de nascer e, ao chegar em casa, você percebe uma secreção nos olhos dele. Preocupado, você o leva ao pediatra.

Após a avaliação, o diagnóstico é de obstrução do ducto nasolacrimal.

O que é essa condição?

A obstrução do ducto nasolacrimal afeta de 2 a 3% dos recém-nascidos. Trata-se da persistência de uma membrana nos ductos que drenam as lágrimas, localizados no canto dos olhos. Geralmente, a obstrução ocorre na parte inferior desses ductos, o que leva ao acúmulo de lágrimas e secreção ocular, que tem uma coloração amarelo-clara, especialmente ao acordar.

Como tratar?

O tratamento inicial consiste em realizar massagens no ducto lacrimal, aplicando pressão com o dedo indicador, em direção ao nariz. Essa técnica, chamada Manobra de Crigler, ajuda a desobstruir o ducto. A manobra pode ser feita várias vezes ao dia. Também pode ser recomendado o uso de colírios lubrificantes até que os sintomas desapareçam.

Se a obstrução não for resolvida espontaneamente até os 6 meses, é importante consultar um oftalmologista para avaliar a necessidade de um procedimento de desobstrução mecânica.

O que devo observar?

Se o seu filho apresentar inchaço, vermelhidão e aumento da secreção, com a presença de pus, pode ser um sinal de dacriocistite, uma infecção bacteriana secundária. Nesse caso, é fundamental agendar uma consulta com o pediatra para avaliar a situação e decidir o tratamento adequado.

Fontes:

https://sbop.com.br/paciente/doenca/obstrucao-do-ducto-lacrimonasal-nasolacrimal/

Urticária

O que é a Urticária Aguda?

A urticária aguda é caracterizada por manchas avermelhadas e placas na pele, que geralmente migram de um local para outro a cada 24 horas e não deixam cicatrizes. Embora seja uma condição alérgica benigna que costuma se resolver sozinha, pode ser desafiadora para os pais, que frequentemente buscam a orientação de um pediatra ou procuram atendimento de emergência.

Causas da Urticária Aguda

A urticária aguda tem origem multifatorial, ou seja, pode ser desencadeada por diversos fatores, como:

  • Alimentos
  • Alterações de temperatura
  • Medicamentos
  • Alguns elementos do próprio corpo da criança

Como é Feito o Diagnóstico?

O diagnóstico de urticária aguda é realizado com base na história clínica e no exame físico do paciente. Geralmente, exames laboratoriais não são necessários para confirmar a condição.

Como Identificar o Causador da Alergia?

Uma dúvida comum entre os pais é sobre a identificação da causa da urticária. No entanto, é importante esclarecer que, em 90% dos casos, a causa não é identificada. Além disso, os exames de alergia não ajudam a determinar o fator desencadeante e, muitas vezes, podem causar falsos positivos, levando a restrições alimentares ou medicamentosas desnecessárias.

Como é Feito o Tratamento?

O tratamento da urticária aguda visa aliviar a coceira e diminuir a inflamação. Por isso, o uso de antialérgicos é frequentemente recomendado para controlar os sintomas.

Quanto Tempo os Sintomas Demoram para Melhorar?

A maioria dos casos de urticária aguda tende a melhorar entre 1 e 3 semanas. Durante esse período, é importante monitorar os sintomas.

Quando Procurar Emergência?

Embora a urticária aguda seja geralmente benigna, em alguns casos, pode estar associada a reações alérgicas graves, como a anafilaxia. É fundamental levar seu filho para a emergência se a urticária vier acompanhada de:

  • Falta de ar
  • Palidez
  • Desmaio
  • Rouquidão
  • Inchaço nos lábios ou garganta

Esses sintomas podem indicar uma reação anafilática, que ocorre rapidamente, geralmente até 3 horas após a exposição ao agente alérgico, e requer atendimento médico urgente.

Fontes:

https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/sbp/2023/novembro/27/23920L-Diretrizes_Urticaria_na_Crianca_e_Adolesc.pdf

https://aaai-asbai.org.br/detalhe_artigo.asp?id=1264

https://asbai.org.br/urticaria-tipos-sintomas-tratamento-e-os-impactos-emocionais-que-podem-afetar-a-saude-mental/

 

Crescimento de pelos na criança, quando se preocupar

O crescimento de pelos pubianos e axilares é uma parte natural do desenvolvimento de uma criança, mas pode ser um problema quando ocorre antes do esperado.

A puberdade é um processo de desenvolvimento que ocorre em várias etapas. Começa com o aumento da velocidade de crescimento. Nos meninos, ocorre o aumento testicular, e nas meninas, o desenvolvimento das mamas. Em seguida, surgem os pelos pubianos e, nas meninas, a menstruação. Normalmente, essas mudanças acontecem entre 8 e 11 anos nas meninas e entre 9 e 13 anos nos meninos.

Porém, nem sempre o aparecimento de pelos nas regiões genitais e axilares indica o início da puberdade. Em alguns casos, uma glândula chamada adrenal pode iniciar esse processo alguns anos antes da puberdade, o que é conhecido como adrenarca.

Quais são os sinais da adrenarca?

  • Acne
  • Odor axilar
  • Pele mais oleosa
  • Pelos mais grossos nas regiões axilar, anal e vaginal

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é clínico, ou seja, feito com base na avaliação dos sinais e sintomas. Não são necessários exames para confirmar a condição, mas o objetivo é identificar sinais de puberdade precoce ou de tumores virilizantes.

Qual é o tratamento?

Geralmente, não é necessário tratamento. Caso a criança se sinta incomodada com o odor axilar, pode-se usar desodorantes adequados para sua faixa etária. Se os pelos causarem desconforto, podem ser aparados com tesouras.

É importante que todas as crianças com adrenarca sejam acompanhadas regularmente pelo pediatra para monitorar o desenvolvimento e garantir que não haja sinais de puberdade precoce.

Atenção especial

Embora a maioria dos casos de adrenarca não exija exames laboratoriais ou de imagem, o pediatra deve sempre avaliar a criança. Se a criança tiver menos de 6 anos, apresentar aceleração do crescimento ou sinais de puberdade precoce, pode ser necessário realizar investigações complementares.

Fontes:

https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/desenvolvimento/adrenarca-precoce/

https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23951d-DC-Adrenarca_Precoce_e_Telarca_Precoce.pdf

https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/desenvolvimento/puberdade-precoce/

https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220804_PCDT_738_PuberdadePrecoceCentral.pdf

https://publications.aap.org/pediatrics/article/137/1/e20153732/52918/Evaluation-and-Referral-of-Children-With-Signs-of

https://publications.aap.org/pediatricsinreview/article/36/7/319/34886/Precocious-Puberty

 

Coceira na criança

Queixa comum nas consultas pediátricas ou salas de emergência:

“Doutor, meu filho está coçando muito o bumbum e não consegue nem dormir, piora bastante à noite.”

Quando nos deparamos com essa queixa, nós, pediatras, imediatamente pensamos na oxiuríase, uma verminose muito comum nas crianças.

Como meu filho pode ter contraído isso?

A transmissão da oxiuríase acontece por contaminação fecal-oral. Ou seja, a criança acaba ingerindo os ovos do parasita presentes em areia, alimentos, água ou ao colocar objetos contaminados na boca.

Quais são os sintomas?

Os principais sintomas incluem:

  • Dor de barriga
  • Dor de cabeça
  • Agitação
  • Irritabilidade
  • Coceira intensa, principalmente à noite, na região anal. Em meninas, por conta da proximidade da genitália, pode ocorrer coceira também na região vaginal.

A coceira se intensifica durante a noite, quando a fêmea do parasita migra do intestino grosso para a região anal para depositar seus ovos.

Quais cuidados devo tomar?

  • Trocar as roupas de cama de toda a família.
  • Evitar o compartilhamento de toalhas e objetos de uso pessoal.

Qual é o tratamento?

O tratamento é feito com antiparasitários, e é importante que toda a família seja tratada para evitar a reinfecção.

Em alguns casos, será necessário reforçar a dose do medicamento após 14 dias, para eliminar os ovos depositados e reduzir as chances de reinfecção.

Fontes: