A infância é uma fase marcada por intenso crescimento e desenvolvimento, exigindo do organismo uma oferta adequada de nutrientes essenciais. Entre esses nutrientes, a vitamina B12 (cobalamina) destaca-se por sua importância fundamental no funcionamento do sistema nervoso, na formação das células sanguíneas e no metabolismo energético. Para mães atentas à saúde dos filhos, compreender o papel da vitamina B12, as causas de sua deficiência, onde encontrá-la na alimentação, a quantidade diária recomendada, como diagnosticar possíveis carências e as formas de tratamento é essencial para oferecer uma infância plena e saudável.
Por que a vitamina B12 é tão importante na infância?
A vitamina B12 é indispensável para o desenvolvimento neurológico e cognitivo das crianças, além de participar da formação do DNA, da maturação das células vermelhas do sangue (hemácias) e do metabolismo de proteínas, gorduras e carboidratos. A deficiência de B12 pode comprometer o crescimento, causar atraso no desenvolvimento, anemia megaloblástica (um tipo específico de anemia), problemas de aprendizado, letargia, irritabilidade e, em casos graves, lesões neurológicas irreversíveis. Por isso, a prevenção e o acompanhamento da ingestão de vitamina B12 durante a infância são fatores fundamentais para garantir um desenvolvimento saudável.
Causas da deficiência de vitamina B12 em crianças
A deficiência de vitamina B12 pode ocorrer por diversos motivos e, na infância, as principais causas costumam estar relacionadas a:
Dieta inadequada: crianças que seguem dietas vegetarianas ou veganas estritas, sem suplementação adequada, correm maior risco, pois a vitamina B12 é encontrada principalmente em alimentos de origem animal.
Problemas de absorção: algumas condições médicas, como gastrite atrófica, doença celíaca, doença inflamatória intestinal (como a doença de Crohn) e defeitos congênitos no metabolismo da B12 (erro inato do metabolismo), podem prejudicar a absorção adequada da vitamina.
Deficiência materna: Bebês de mães com deficiência de vitamina B12 (especialmente mães vegetarianas ou veganas sem suplementação) podem apresentar baixos níveis da vitamina, já que dependem do leite materno nos primeiros meses de vida.
Prematuridade: Bebês prematuros têm menores reservas de B12, já que grande parte desse nutriente é transferida da mãe para o bebê nas últimas semanas de gestação.
Onde encontrar vitamina B12 na alimentação?
A vitamina B12 é naturalmente encontrada em alimentos de origem animal. Para garantir um aporte adequado, é importante incluir os seguintes alimentos na dieta da criança:
Carnes vermelhas: especialmente fígado, uma das maiores fontes naturais de B12.
Peixes e frutos do mar: sardinha, salmão, atum, mariscos e ostras são ricos em B12.
Aves: Frango e peru também são boas fontes.
Ovos: A gema é a parte mais rica em B12.
Leite e derivados: leite integral, queijos e iogurtes contribuem com quantidades significativas.
Para famílias vegetarianas ou veganas, é essencial buscar a orientação de um profissional de saúde para avaliar a necessidade de suplementação, já que a vitamina B12 não é encontrada de forma natural em alimentos vegetais.
Quantidade diária recomendada de vitamina B12
A quantidade diária recomendada de vitamina B12 varia conforme a idade da criança. Veja as recomendações de ingestão diária segundo órgãos de referência internacionais:
Lactentes (0 a 6 meses): 0,4 microgramas (mcg)/dia
Lactentes (7 a 12 meses): 0,5 mcg/dia
Crianças (1 a 3 anos): 0,9 mcg/dia
Crianças (4 a 8 anos): 1,2 mcg/dia
Crianças (9 a 13 anos): 1,8 mcg/dia
Adolescentes (14 anos ou mais): 2,4 mcg/dia
Esses valores servem de orientação geral, mas a necessidade pode variar de acordo com condições clínicas específicas, nível de atividade física e outros fatores. Um acompanhamento pediátrico regular é importante para ajustar a dieta conforme necessário.
Diagnóstico da deficiência de vitamina B12: valores ideais
O diagnóstico da deficiência de vitamina B12 é feito a partir da avaliação clínica (sintomas e sinais) associada à dosagem laboratorial da vitamina no sangue. Os principais exames incluem:
Vitamina B12 sérica: O valor de referência para crianças geralmente situa-se entre 200 e 900 pg/mL. Valores abaixo de 200 pg/mL sugerem deficiência. Entre 200 e 300 pg/mL pode ser considerado limítrofe e requer investigação adicional.
Homocisteína e ácido metilmalônico: em casos de dúvida, pode-se dosar esses marcadores, pois eles se elevam na deficiência de B12, auxiliando no diagnóstico.
Hemograma completo: Pode mostrar anemia megaloblástica com aumento do volume das hemácias (VCM elevado) e diminuição do número de glóbulos vermelhos.
Diante de suspeita de deficiência, é fundamental consultar o pediatra para a investigação apropriada, pois o diagnóstico e o início precoce do tratamento são essenciais para prevenir complicações graves.
Tratamento da deficiência de vitamina B12
O tratamento da deficiência de vitamina B12 depende da gravidade e da causa. As principais estratégias incluem:
Suplementação oral: Para casos leves ou quando a deficiência é decorrente de dieta inadequada, pode-se administrar suplementos de vitamina B12 por via oral, em doses ajustadas pelo profissional de saúde. Existem suplementos em gotas, comprimidos e xaropes específicos para crianças.
Suplementação intramuscular: Em casos de deficiência grave, sintomas neurológicos, dificuldade de absorção intestinal ou quando a suplementação oral não é eficaz, utiliza-se a vitamina B12 injetável, que garante rápida elevação dos níveis.
Adequação dietética: Ajustar a alimentação para garantir ingestão adequada de fontes animais de B12 ou, em dietas restritivas, manter suplementação contínua conforme orientação profissional.
Acompanhamento: Monitorar regularmente os níveis sanguíneos de B12 e ajustar o tratamento conforme a resposta clínica e laboratorial.
É importante ressaltar que a suplementação de vitamina B12 é segura e geralmente bem tolerada, sem risco de toxicidade nas doses recomendadas. O acompanhamento médico é fundamental para garantir o sucesso do tratamento e evitar recaídas.
A vitamina B12 é um nutriente essencial para o desenvolvimento saudável das crianças, influenciando desde o aprendizado até a saúde física geral. Para mães, estar atentas à oferta desse nutriente na alimentação e aos sinais de deficiência pode fazer toda a diferença na vida dos filhos. Em caso de dúvidas sobre a dieta, sinais de anemia, cansaço excessivo ou dificuldades no desenvolvimento, procure um pediatra. Com informação, atenção e acompanhamento adequado, o crescimento e o bem-estar dos pequenos podem ser garantidos, promovendo assim uma infância mais saudável e cheia de vitalidade.
Fontes:
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/_22962e-ManAval_Nutricional_-_2Ed_Atualizada_SITE.pdf
https://www.spsp.org.br/PDF/DC_SuporteNutricional_Nutri%C3%A7%C3%A3oparaImuniza%C3%A7%C3%A3o.pdf
https://abran.org.br/novosite/media/manual/7518.1—manual-pediatria.pdf
Dr. Túlio Alonso João – Pediatra, Especialista pela Sociedade Brasileira de Pediatria – RQE: 85275.